sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
sábado, 22 de janeiro de 2011
Excelente artigo de Ibirá Machado
Nordestechina
Tanscrito do Blog ZÉducando
22/01/2011 às 3:54 | Publicado em Artigos e textos, Zuniversitas |Tags: Nordeste, revolução O que me chamou mais a atenção neste artigo é que o jornalista que o produziu não é nordestino e nem conhecia direito o Nordeste. Ibirá Machado fez este texto quando atuou como Consultor Ambiental durante um trabalho para a Ferrovia Transnordestina, em 2009. Esta crônica foi fruto de viagens que o autor fez aos rincões do Nordeste — onde surgem, em meio à pobreza, sinais de superação do atraso e de muita vitalidade social. Percorreu o interior dos Estados do Piauí, Pernambuco e Ceará. O que ele revela me impressionou muito. Só voltando lá para constatar esta revolução. O Nordeste virou a China ? Nordestechina ? Leiam clicando na continuação deste post…
José Rosa Soares Filho
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Por Ibirá Machado
Durante os meses de junho a agosto de 2009 tive a oportunidade de passar cerca de 45 dias no sertão nordestino. Foram três viagens consecutivas no interior dos estados do Piauí, Pernambuco e Ceará, respectivamente, com uma rotina diária corrida de visitas a dezenas de famílias.
Eu sabia, em parte, o que me esperaria, mas jamais imaginava ser obrigado a desconstruir toda uma imensa imagem que nunca ninguém – nem nada – tinha feito o favor de mudar. É muito verdade que é somente com a experiência real que podemos entrar em contato verdadeiro com uma realidade, ainda que sua absorção e compreensão dependam demasiadamente de nossa própria subjetividade.
E foi assim que, graças ao emprego que eu tinha como consultor ambiental, fui lançado à caatinga para coordenar o cadastramento de cerca de 1.500 famílias cujas propriedades seriam atravessadas pela Ferrovia Transnordestina, em exatos 1.728 quilômetros de extensão. Informações levantadas, esses dados serviriam depois à elaboração dos programas básicos ambientais durante e após as obras da Ferrovia – uma das principais promessas do governo Lula dentro do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Meu primeiro contato com o Nordeste – que eu nunca tinha visitado – foi pelo Piauí. Pousei em Teresina e parti direto 500 quilômetros ao sul da capital, até a cidade de Eliseu Martins, onde ficará o pátio final da Transnordestina. Ali, a caatinga perde espaço para o cerrado e é evidente que a seca não se configura como realidade tão grave quanto no semi-árido propriamente. No entanto, enquanto estado com o menor PIB per capita do Brasil, o baixo poder aquisitivo é generalizado e visível por todos os lados.
Mas foi percorrendo os quase 500 quilômetros dali em direção à fronteira com o estado do Pernambuco, no coração do semi-árido, que as surpresas começaram a aparecer.
Pouco a pouco, conforme entrávamos em contato com as famílias e víamos o próprio contexto socioespacial em que viviam, assustei-me com o básico que eles possuíam – coisas como água, saneamento, eletricidade, alimentação e saúde. Mas o susto não dizia respeito à precariedade desse básico – e nem é esse, mesmo, o ponto –, mas sim por saber que quase nada daquilo existia há pouco mais de cinco anos.
Inevitavelmente, no contato visual já salta à vista as cisternas construídas na quase totalidade das casas do semi-árido, que captam águas das chuvas a partir de calhas nos telhados, e que começaram a ser instaladas ainda no final do governo FHC. Como efeito imediato, e talvez inesperado, além de terem à porta de casa água potável quase o ano inteiro (quando a água da cisterna acaba, caminhões-pipa do exército passam repreenchendo-as), uma das mais importantes pilastras do coronelismo foi subitamente extinta. Com propriedades grandes o suficiente pra conterem açudes ou represas, os antigos “coronéis” ofereciam suas águas (de qualidade incerta) em troca de, no mínimo, votos.
Mas a água das cisternas não é tudo, embora já garanta uma qualidade de vida antes impensada. Também foram construídos imensos poços regionais, com bombas elétricas, que redistribuem uma certa quantidade de água para caixas d’água e das caixas para as casas, possibilitando a implementação de outro quesito que, para nós, é absolutamente básico: banheiro. Até poucos anos atrás, qualquer necessidade fisiológica de uma imensa parcela dos moradores do semi-árido nordestino era aliviada literalmente no meio do mato.
Acontece que mesmo esses poços regionais não seriam implementados caso o programa Luz Para Todos também não tivesse sido amplamente disseminado, por todos os cantos e descantos da caatinga. Possibilitou-se, assim, vetores de desenvolvimento antes impossíveis de serem criados, dando respaldo a melhoras sensíveis nos indicadores de desenvolvimento humano da região.
Aliado a isso, o efeito dos agentes do Programa de Saúde da Família (em realidade estabelecido desde 2006 como Estratégia de Saúde da Família, já que não há objetivo final desta ação, e sim uma continuidade), que existem desde a década de 90, foi potencializado e permitiu-se o estabelecimento de novos paradigmas de saúde básica. Esses fatores integrados estão proporcionando uma silenciosa pequena revolução na saúde pública brasileira, vagarosamente incutindo nas famílias novos padrões de higiene, desonerando, assim, o custo desnecessário dos postos de saúde. Tradicionalmente, os brasileiros sempre buscaram postos de saúde por causas escusas, gerando filas e prejudicando a necessidade de atendimento daqueles que efetivamente precisam.
E foi também no meio disso que entrei em contato direto com o mais polêmico dos fatores que estão revolucionando a vida dos moradores do sertão: o Bolsa Família. Antes incapazes de plantarem e criarem o alimento mínimo suficiente, por diversos fatores – dentre eles a condição semi-árida e a histórica exclusão tecnológica que permitisse melhoras na produção –, agora com uma renda mínima oferecida pelo Bolsa Família já é possível não mais morrer de fome, literalmente.
E ainda com a água que hoje todos têm em casa, é muito raro um animal morrer de sede, sobretudo as aves, cenas que antes faziam parte de nosso imaginário sobre o sertão nordestino. Ou seja, melhorou não só o acesso ao alimento, como também melhorou a qualidade da alimentação em si.
Como contrapartida obrigatória, o Bolsa Família exige que as crianças estejam matriculadas nas escolas. Ao conversar com as famílias, ficou claro que antes disso ser instaurado, ao menos na época das semeaduras e das colheitas as crianças não iam às escolas, pra ajudarem na lida familiar. Agora, no entanto, elas não só vão sempre à escola, como isso também está começando a alterar a rotina das famílias do sertão, e também de todas as comunidades.
Foi intensificada sobremaneira a oferta de transporte público escolar para os moradores das áreas rurais, de forma a garantir que este prerrequisito básico seja efetivamente cumprido. Mas embora os dados comprovem que as faltas escolares tenham sido reduzidas em mais de 30%, o desempenho dos estudantes não melhorou. Evidencia-se o que já sabemos: a condição das escolas – ainda que o número delas também tenha sido ampliado – e a valorização dos professores ainda têm muito o que melhorar.
E ainda sobre o Bolsa Família, seu segundo efeito impressionante foi explodir o comércio dos vilarejos e cidades do interior do sertão nordestino, dando impulso a um ciclo econômico regional cujas dimensões, talvez, não poderiam ser imaginadas. O que vi foram cidades iniciando um ciclo econômico sem precedentes, com geração de emprego também sem precedentes, com o estabelecimento de uma dinâmica urbana que era simplesmente inexistente desde que o Brasil era Pindorama.
Isso porque eu ainda estava no Piauí. Ao transpor a fronteira para o estado seguinte, no mês seguinte, deparei-me com um Pernambuco de pernas para o ar. Crescendo economicamente três vezes mais que o Brasil, sendo proporcionalmente o estado com a maior carga de investimentos do país, Pernambuco vem registrando transformações semelhantes à que a China vem vivendo e isso é algo absolutamente visível e impressionante.
Tudo o que eu havia visto até então no Piauí, de transformações socioeconômicas recentes, repetia-se em Pernambuco, mas com a diferença de que neste estado ainda mais coisas estavam acontecendo, em dimensões muito diferentes. Com área menos que a metade da área do Piauí, mas com população quase três vezes maior, seria impossível não ver em Pernambuco efeitos de transformações ainda mais intensas.
Bem no centro do semi-árido, a cidade de Salgueiro, distante 500 quilômetros de Recife, acabou também servindo de centro pra muitas das transformações que não só o estado vem vivendo, mas também toda a região. Ali, a Ferrovia Transnordestina já estava em obras, de um pequeno trecho que ligaria a cidade ao município de Missão Velha, no sul do Ceará. Não só bastasse isso, polêmicas também à parte, a transposição do rio São Francisco, já estava a pleno vapor quando por lá passei, tendo Salgueiro também como base.
Consequentemente, o município começa a servir de vetor da interiorização do desenvolvimento socioeconômico da região, graças à interligação um eixo até então inexistente, entre as cidades gêmeas de Petrolina-Juazeiro (entre PE e BA, às margens do rio São Francisco) e Juazeiro do Norte (CE).
Mas antes de falar um pouco mais deste vetor, é necessário que se diga um pouco mais a respeito da transposição do Velho Chico. A obra é deveras polêmica, cara e sua abrangência, na realidade, ainda é um tanto incerta. No entanto, a se considerar o restante de gastos que já estão sendo realizados não só em Pernambuco, mas também em todos os outros estados do Nordeste brasileiro, é uma falácia defender que esses mais de quatro bilhões de reais poderiam ser investidos em outras áreas. Também é impossível afirmar que o retorno de um investimento desta monta seria mais expressivo se aplicado em outros setores.
A transposição já está dando respaldo a projeções futuras de vários municípios de toda a área de alguma forma envolvida. Em pouco tempo em que a obra estiver pronta e vertendo água para outras bacias hidrográficas do semi-árido, inúmeros municípios que antes contavam com represas outrora construídas pelo centenário DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), logo poderão utilizar estas águas para irrigação dos agricultores locais. Se quem vai se beneficiar destas irrigações serão os grandes proprietários, é impossível saber. Mas afirmar que somente 5% do Nordeste será beneficiado é não acreditar no estabelecimento de novas condições de infraestrutura para a ultra necessária interiorização da economia nordestina. E, daí inquestionavelmente, a área afetada positivamente será muito superior a 5% do Nordeste.
E é então neste contexto que entra no cenário outro importante município da região, ainda em Pernambuco: Serra Talhada. Distante 400 quilômetros de Recife, Serra Talhada já apresentava um desenvolvimento econômico mais expressivo que Salgueiro antes que toda essa revolução se iniciasse. Após o início desse processo, no entanto, a cidade foi escolhida para receber um muito bem equipado campus da Universidade Federal Rural de Pernambuco (Unidade Acadêmica de Serra Talhada – UAST), que, unindo-se a outras universidades já existentes ali, consolidou o município como polo educacional do interior nordestino.
Criado em 2006, o campus hoje oferece cursos de Agronomia, Biologia, Economia (com ênfase em Economia Rural), Engenharia de Pesca, Sistemas de Informação, Licenciatura em Química, Administração, Zootecnia e Letras. Levando para o interior do estado um sem precedentes número de estudantes, a UAST iniciou um processo que o Sudeste brasileiro já estava plenamente acostumado com seus campi pelo interior dos estados. Essa nova realidade não só já está absolutamente contribuindo com o desenvolvimento socioeconômico da região, como está ajudando significativamente a suprir uma demanda cada vez mais crescente de mão de obra qualificada em toda a região do semi-árido.
E talvez não coincidentemente, é em Serra Talhada que esta nova configuração educacional e cultural está se configurando no interior de Pernambuco, justamente onde nasceu e construiu sua fama nada mais que Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.
Assim foi que, sabendo disto, a cada casa que parávamos e que havia alguém realmente idoso, não tinha como não perguntar se a pessoa chegou a conhecer Lampião. Parece besteira, mas se não for em oportunidades como estas, ou entramos em contato com a história e todas as suas mais incríveis, deliciosas e assustadoras revelações, ou passamos reto por um mundo que vai sempre nos parecer insosso. Mas dona Ana garantiu nossa viagem pelo sertão do Vale do Pajeú; nos seus quase 80 anos, era ela neta do primeiro inimigo de Lampião, nunca morto por ele, mas que, segundo ela própria, teria motivado a construção do mito Lampião, o mais temido cangaceiro que tivemos notícia. Não tínhamos tempo a perder com conversas nas casas das famílias – já que eram muitas –, mas nessas horas fazemos do tempo algo secundário, se não inexistente, e a vida se abre com sua música, cores e formas.
Daí seguimos em direção à Zona da Mata pernambucana e pela primeira vez em quase um mês eu veria uma mata úmida no nordeste, deixando pra trás o sol e a secura da caatinga. Só não esperava que ver esta tal umidade nordestina resultaria no cancelamento do cadastramento das últimas trinta famílias do Pernambuco, tantas eram as chuvas.
Ainda assim, nossa base neste processo final foi o município de Caruaru, famoso por sua feira – a maior a céu aberto no mundo – e também por suas festas de São João – que competem com as de Campina Grande (PB) o posto de maiores do mundo. Mas isso importa menos aqui. Importa que Caruaru também impressiona os desavisados, com tamanha pujança econômica que iniciou seu despertar em anos (muito) recentes. Não só por conta da já histórica tendência ao comércio e à produção cultural que a cidade apresentava, mas também pelo tardio despertar da urgente necessidade de se interiorizar a economia dos estados da região.
Hoje, Caruaru está conectada a Recife por 140 quilômetros de estradas duplicadas recentemente inauguradas em concreto (BR-232). Tal investimento se justifica pelo intenso movimento de caminhões transportando todos os tipos de bens de consumo que, cada vez mais, passam a ser produzidos no nordeste e – sobretudo –, no interior. E a explosão econômica pernambucana também começa a se materializar em enormes condomínios fechados de altíssimo padrão, tanto às margens da rejuvenescida BR-232, quanto em locais mais afastados – como é o caso do Alphaville Caruaru, todos sendo inaugurados agora.
Mas é quando se chega a Recife, mais propriamente à Praia de Boa Viagem, e o que se vê é uma metrópole em franca expansão, vivendo uma das mais rápidas expansões imobiliárias do Brasil nos anos recentes, com lançamentos de um punhado de edifícios residenciais de alto luxo de 40 andares.
No mês seguinte, finalmente, cheguei no Ceará. Sobre as viagens anteriores eu omiti uma coisa interessante, mas que justamente dizia muito mais respeito a este estado agora. Na primeira das três viagens, ao Piauí, embora eu tenha pousado em Teresina ao chegar, para ir embora peguei o avião em Juazeiro do Norte, no sul do Ceará, próximo à fronteira com o Pernambuco. Na viagem seguinte, desta vez ao Pernambuco, pousei em Juazeiro do Norte e, de lá, parti para o estado vizinho ao sul. E, finalmente, para a última viagem, ao Ceará, cheguei também via Juazeiro do Norte. E estando esta cidade cravada no coração da caatinga, foi muitíssimo interessante dividir o avião com algumas dezenas de pessoas que voavam pela primeira vez, ou voltando às suas terras natais para nunca mais sair, ou indo visitar a família, aproveitando o expressivo aumento recente da renda.
Muito além de ser a meca católica do nordeste inteiro, Juazeiro do Norte é a sede da Região Metropolitana do Cariri, com mais de 500 mil habitantes, compondo a aresta norte do coração econômico-cultural do sertão nordestino, cuja ponta sul é formada pela Região Administrativa Integrada de Desenvolvimento do Polo Petrolina e Juazeiro (cidades gêmeas às margens do São Francisco, entre Pernambuco e Bahia), com mais de 800 mil habitantes. Se estendermos essa região a Serra Talhada, temos num raio de cerca de 200 quilômetros uma pulsante região com mais de um milhão de habitantes.
E este pulsar não é apenas uma expressão. Toda essa região registrou um crescimento econômico de cerca de 20% anuais nos dois últimos anos, duas vezes mais rápido que a China, por exemplo. Não é de se espantar, portanto, o tamanho da minha surpresa que tive ao passar por lá. Distante mais de 500 quilômetros do litoral, tanto a norte (Fortaleza, CE), quanto a leste (Recife, PE), é ali que está acontecendo a mais importante interiorização econômica que o Brasil precisava realizar pra diminuir sua injusta e irracional desigualdade regional.
Juazeiro do Norte e Crato, as duas maiores cidades da Região Metropolitana do Cariri, inauguraram há pouco menos de um ano o Metrô do Cariri, feito com a tecnologia VLT, configurando-se como o primeiro metrô a ser inaugurado no estado do Ceará, antes mesmo que Fortaleza. Isso pode de novo parecer besteira, mas estamos falando de uma região que há uma década, somente, registrava índices de IDH considerados baixos e um PIB per capita praticamente insuficiente pra suprir o mínimo. Mas tudo mudou.
Assim como o Pernambuco, o Ceará é o estado que apresentou os maiores avanços do PIB nesta década e, como vimos em ambos os estados, não se tratou de um avanço concentrado somente na capital – como historicamente estivemos acostumados. Graças a um número muito expressivo de políticas econômicas e sociais conjugadas nos últimos anos, toda essa região passou a registrar um desenvolvimento espacializado, descentralizado, integrado e surpreendentemente planejado.
Ainda muito há que ser feito. As estradas deixam demais a desejar, com exceção de algumas, como a BR 232, que corta Pernambuco de ponta a ponta. As rodovias federais no Piauí, quando por lá passei, também estavam muito decentes, recém-recapeadas em obras emergenciais tocadas pelo exército. Também a Ferrovia Transnordestina não terá um efeito tão expressivo se não for futuramente conectada à também em construção Ferrovia Norte-Sul. Os portos nas pontas dos dois eixos da Transnordestina, o de Suape, no Pernambuco, e o de Pecém, no Ceará, estão já recebendo vultosos investimentos e que devem ser mantidos.
No restante da área social, o trabalho apenas começou. Em comparação com o sul do Brasil, o interior nordestino vivia uma realidade quase impossível de se comparar, caindo até para o negativo. Foram séculos de privação de todos os tipos, mas que iniciou a passos largos a maior transformação socioeconômica da sua existência.
E assim foram minhas descobertas em pouco mais de 40 dias no sertão. Descobertas, porque não tinham me contado antes. De imagem, eu tinha aquilo que Graciliano Ramos havia me mostrado em suas linhas do “Vidas Secas”, escrito em 1938, depois ilustradas no filme homônimo de Nelson Pereira dos Santos, de 1963. Desde então, o que se fez pra nós do sul/sudeste foi a construção de uma contínua mentira de que eternamente a caatinga era, sim, uma vida seca, desgracenta e do avesso.
Mas não é, e eu vos garanto. E agradeço, por fim, às dezenas de famílias que serviram almoço, café e doces a mim e minha equipe. No começo tínhamos receio, hesitavamos em aceitar, mas em pouco tempo éramos nós mesmos que pedíamos almoço, quase sem vergonha na cara. Mas é que, na verdade, eram esses os momentos mais ricos e de orgulho para as próprias famílias. Servir o alimento plantado e criado por eles próprios encerra o ciclo mais importante de suas existência, quando o fruto do trabalho diário é, finalmente, transformado.
Ibirá Machado é um geógrafo trabalhou há alguns anos com consultoria de impactos socias, ecológicos e econômicos destas grande obras pelo Brasil adentro. Alimenta atualmente o blog de Cinema Indiano.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Paraíso natural em PE ganha fama de 'cidade do emprego'
20/01/2011 06h46 - Atualizado em 20/01/2011 09h55
Com R$ 35 bi em investimentos, Ipojuca cria 16 mil vagas em 2010
Em dezembro, cidade foi a 3ª em criação de empregos no país.
Cidade ainda sofre com falta de qualificação e de infraestrutura.
Ligia Guimarães Do G1, em Ipojuca (PE)
Raio X de Ipojuca
Quem sonha em trabalhar em um lugar com praias paradisíacas, muitas vagas de emprego sobrando e perspectiva de crescimento profissional precisa conhecer Ipojuca, cidade de 80,5 mil habitantes localizada a menos de uma hora do Recife.
O município foi um dos destaques em geração de vagas de trabalho formal em 2010 e em dezembro do mesmo ano. De acordo com dados do Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho, a cidade pernambucana criou 1.376 postos com carteira de trabalho no mês passado, o que a deixou em 3º lugar no ranking do ministério. Em todo o ano passado, foram 16.413 vagas, levando Ipojuca ao 19º lugar da lista, atrás apenas de capitais e das cidades de Campinas, Guarulhos e São Bernardo do Campo, todas no estado de São Paulo.
Para acompanhar de perto a transformação econômica que acontece na região, a reportagem do G1 foi até Ipojuca na semana passada e passou alguns dias conhecendo a economia e a vida da cidade: visitou obras, bairros e comércio, conversou com moradores e visitantes, empresários e funcionários, autoridades e trabalhadores que se formaram nas lavouras de cana.
O balanço da viagem é um cenário de contrastes entre a promessa de um futuro de riqueza para todos e uma realidade que ainda deixa muito a desejar. As evidências das oportunidades de crescimento e da falta de mão-de-obra estão por todos os cantos da cidade: atraem não só profissionais de outros estados do país como fazem empresas irem até o Japão para recrutar dekasseguis de volta ao Brasil.
saiba mais
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Os investimentos bilionários impulsionam o comércio e despertam o interesse de grandes redes. Até 2006, por exemplo, não havia agências do Itaú, Bradesco e Banco do Brasil.
Por outro lado, Ipojuca ainda enfrenta precariedade em muitos setores. Falta moradia, saneamento e educação para a maioria da população, que luta para se qualificar e fazer parte dos milhares de contratados pelas mais de 100 empresas chegaram para se instalar no Complexo Industrial Portuário de Suape, área de 13,5 mil hectares que se divide entre as cidades de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho.
Antes do "boom" de empregos, o atrativo mais notório da cidade era turístico: a famosa praia de Porto de Galinhas é um distrito de Ipojuca e fica a poucos quilômetros de distância da cidade-sede.
Euclides, Manoela, João, Andréia e Isaque: oportunidades de crescimento e renda.Euclides, Manoela, João, Andréia e Isaque: oportunidades de crescimento e renda. (Foto: Ligia Guimarães/G1)
Eu morava num barraco de tábua(...). Hoje eu fiz um casarão, vou fazer minha matricula na faculdade. Tudo isso está sendo um sonho"
Isaque, supervisor de logística e ex-cortador de cana
Somados, todos os investimentos privados que estão em fase de implantação em Suape desde 2007 chegam a R$ 35,4 bilhões (US$ 21 bilhões), valor que corresponde a quase seis vezes o Produto Interno Bruto (PIB) de todo o município de Ipojuca em 2008.
No total, são 44,5 mil empregos diretos e indiretos gerados somente pelos projetos principais, chamados de estruturadores: a Refinaria Abreu e Lima, da Petrobras; as três fábricas da Petroquímica Suape; o Estaleiro Atlântico Sul; a siderúrgica CSS e a fábrica da Fiat. As duas últimas foram anunciadas no ano passado e devem ter as obras iniciadas ainda no primeiro trimestre.
Sacrifício e futuro
Andreia Lisângela, 31 anos, ex-doméstica, começou a trabalhar em Suape em 2007 - quando o estaleiro EAS ainda era "um monte de tendas" - por meio de uma ação da prefeitura que aplicou reforço escolar para os alunos do ensino médio e, então, selecionou os que tiveram melhor desempenho.
Agarrou a oportunidade de entrar na empresa, fez um curso básico de eletricista e não parou mais. Sacrificou a convivência com o marido e os filhos para se qualificar e ter pela primeira vez na vida a oportunidade de crescer profissionalmente e planejar uma carreira.
"Passei um ano e meio trabalhando de segunda a sexta aqui e fazendo curto técnico das 7h30 às 17h30 , sábado e domingo. Tinha vida social? Não. Tinha vida familiar? Não. Optei em abrir mão daquilo por um certo tempo naquele momento para pegar um benefício mais na frente", afirma.
Diz que, no começo, precisou de muita persistência para não desistir do trabalho em meio ao calor, serviços pesados e a convivência em um ambiente predominantemente masculino. "Quanto entrei aqui minha mala pesava uns 30 kg, a gente andava muito e só tinha eu de mulher. Um dia um (colega) bateu no meu ombro bem forte um dia e disse: 'ei, quer ganhar que nem homem? Então trabalha que nem homem'. Aquilo me fez como se eu tivesse engasgado. Olhei para o lado e pensei: onde é que me enfiei?", diz.
Ela brinca que foi nessa época que decidiu que iria ganhar mais do que os colegas homens. Brincadeira ou não, Andreia é hoje responsável pela logística de todos os equipamentos de manutenção hidráulica, elétrica e mecânica, e tem vários homens sob sua chefia. "Eu ainda vejo horizonte para crescer na frente".
De canavieiros a operários
"Nós somos um município de região canavieira e passamos a ser um município industrial e com um pólo turístico já consolidado muito movimentado", afirmou ao G1 o prefeito do município de Ipojuca, Pedro Serafim (PDT), que diz que a arrecadação do município cresceu de R$ 330 milhões em 2007 para R$ 410 milhões em 2010.
Idealizado nos anos 60 para reunir fábricas, fornecedores e porto em uma mesma área, o complexo de Suape saiu do papel nos anos 70 e só a partir de 2007 deixou de ter o Porto de Suape como protagonista para ter uma concentração expressiva de empresas de setores variados.
Outros projetos na região aquecem ainda mais a economia: começaram as obras da Cidade da Copa”, projeto que prevê a construção de um estádio com 129.581 m² de área construída e capacidade para 46.154 torcedores, em São Lourenço da Mata, a 60 km de Ipojuca, além um centro comercial, hotéis e outros investimentos privados que, somados, chegam a um R$ 1,6 bilhão.
Moradia e qualificação
Reserva do Paiva - IpojucaPonte do Paiva, que viabilizou bairro de luxo, foi construída via PPP.
(Foto: Divulgação)
Serafim estima que, em 10 a 15 anos, Ipojuca ultrapasse 400 mil habitantes. Para isso, está tentando organizar a cidade para tantos novos moradores: está desapropriando terrenos para construir casas populares e buscando parcerias com o setor privado.
Os novos projetos precisam obrigatoriamente incluir saneamento básico e terrenos loteados e regularizados. Isso porque, segundo o prefeito, a maior parte das casas de Ipojuca não tem registro.
"O caminho sem dúvida é buscar parceria com o setor privado, porque é menos burocratizado. Agregando as coisas fluem mais rápido, porque a necessidade nossa é o tempo", diz ele, que já teve que revisar o plano diretor elaborado em sua própria gestão. A previsão é o de entregar 2,5 mil casas populares com recursos da prefeitura até 2014; a necessidade, estima, é de pelo menos 5 mil casas.
Um exemplo de bairro privado é a Reserva do Paiva, condomínio de casas de alto padrão construído pela Odebrecht em uma área de 526 hectares. Além do condomínio que já está pronto e vendido, a segunda fase do projeto prevê prédios empresariais e até um hotel de negócios.
O projeto serve de inspiração, mas, segundo o prefeito, o mais urgente é viabilizar opções baratas para atender a maior parte dos ipojuquenses. "Buscaremos parcerias para fazer residenciais mais populares e desafogar as áreas irregulares", diz o prefeito Serafim.
Nós somos um município de região canavieira, cana-de-açúcar, e passamos a ser um município industrial "
Prefeito Pedro Serafim
Para o prefeito, o principal desafio é garantir qualificação para que os ipojuquenses possam também estar entre os contratados para as muitas vagas técnicas como soldador, montador e operários de construção civil disponíveis no momento.
Conforme dados da prefeitura, havia entre 200 e 300 habitantes locais empregados em Suape em 2005. "Hoje, são mais de 5 mil", diz Serafim.
Investimentos
Empresa Atividade Investimento
(Fechamento dólar 17/01)
Petrobras* Refinaria de petróleo R$ 22,357 bilhões
Petroquímica Suape* Fábricas R$ 3,7 bilhões
Estaleiro Atlântico Sul* Estaleiro R$ 1,681 bilhão
CSS* Siderúrgica R$ 1,4 bilhão
Fiat* Montadora R$ 2,8 bilhões
Bunge ** Moinho de trigo R$ 117,6 milhões
Arcor** Guloseimas R$ 53,7 milhões
Máquinas Piratininga** Metal/mecânica R$ 42,025 milhões
Impsa** Geradores eólicos R$ 134,4 milhões
Fasal/Usiminas Metal/Mecânica R$ 8 milhões
* Em fase de implantação
** Já concluídos
Fonte: Complexo de Suape
Além da estatal, estão em Suape empresas como Fiat, Bunge, Arcor e Usiminas, atraídas por incentivos fiscais dos governos federal e estadual e pelas muitas obras de infraestrutura na região, como a duplicação de estradas e a construção de uma segunda termoelétrica, que facilitarão o acesso e garantirão água e energia a Suape.
De acordo com o vice-presidente do Complexo de Suape, Frederico Amâncio, há outras 25 empresas em fase final de negociação.
A previsão, diz Amâncio, é de que em 2030 Suape tenha outras 100 empresas e se consolide como um mega complexo industrial e portuário. Não só na cidade de Ipojuca como nos outros municípios próximos, que também serão beneficiados.
" Nós já temos um território que está fora do complexo que a gente chama de entorno de Suape. Tem indústrias que estão chegando em função do complexo, porque tem um relacionamento com a cadeia do complexo, mas já não estão se instalando no complexo, mas nos municípios do entorno", explica Amâncio.
De acordo com ele, o território estratégico de Suape já abrange as cidades de Escada, Ribeirão, e Jaboatão dos Guararapes.
"Ipojuca está bombando. Quem quiser trabalhar, aqui é o lugar”, diz o paulista Euclides Minoru Yamaoka, que morava em Toyohashi, região central do Japão, e que se tornou o primeiro de muitos dekasseguis a serem trazidos de volta ao Brasil, especialmente para integrar a equipe de soldadores do Estaleiro Atlântico Sul.
A refinaria
A construção da Abreu e Lima, refinaria objeto de conversas entre Brasil e Venezuela, se estende desde o início do governo Lula, em 2003. Inicialmente, era atrelada a um projeto de exploração da Petrobras de uma bacia na faixa petrolífera do Orinoco, na Venezuela.
A intenção inicial era de que a venezuelana PDVSA fosse sócia do projeto. A empresa, no entanto, não fez o aporte com a sua parte do dinheiro e a sociedade, não descartada pelas duas companhias, não foi oficializada até hoje.
A refinaria tem custo total estimado em R$ 23 bilhões e vai processar 230 mil barris diários de petróleo. A previsão é de que a unidade entre em operação em abril de 2012, um ano e um mês depois do previsto. As obras foram iniciadas em 2008.
"Hoje se você pegar as unidades petroquímicas, refinaria, estaleiro, é uma concentração muito grande de investimentos em uma região. Não tem isso na história do Brasil. Estamos falando da criação de um novo pólo industrial no Brasil", analisa o presidente da Refinaria Abreu e Lima, Marcelino Guedes, da Petrobras.
Atualmente, há cerca de 6 mil pessoas trabalhando no canteiro de obras da refinaria. (Veja imagens da situação da obra na semana passada no vídeo ao lado)
De acordo com Marcelino Guedes, presidente da refinaria, a Abreu e Lima produzirá quase 20% de todo o diesel produzido em território nacional. Guedes diz que mão de obra utilizada nos estágios iniciais da refinaria é 85% proveniente da região Nordeste. Daqui para a frente, no entanto, esse percentual deve cair.
"É uma utilização muito grande de profissionais da região (na obra da refinaria), muito até agora pelo perfil de serviços demandados. Apesar de todo o esforço que estamos fazendo agora começa a ficar mais difícil, porque o Brasil está crescendo como um todo. O maior desafio do Brasil há anos deixou de ser energia, agricultura, sistema financeiro e passou a ser mão de obra. O pais está demandando mão de obra em todas as áreas", diz Guedes.
Pobreza e desafios
Tanto dinheiro circulando na região é novidade para Ipojuca, que ainda tem muitos problemas em meio ao boom econômico. Falta saneamento básico e há muitas ruas não pavimentadas; a média de ensino da população é de 3,6 anos de estudo, de acordo com dados de 2000.
Há poucas opções de moradia e a maior parte da população mora em casas irregulares e sem registro; além disso, o tráfego de trabalhadores que vão e voltam de Suape para Recife e outras cidades da região, somado ao aumento da renda e do crédito, já causa um problema nunca visto em Ipojuca: o congestionamento.
Casas irregulares e falta de saneamento são problemas graves em Ipojuca.Casas irregulares e falta de saneamento são problemas graves em Ipojuca. (Foto: Ligia Guimarães/G1)
"As ruas têm características praieiras, e a origem da cidade são as usinas. Quem trabalhava na usina não podia comprar carro. E hoje graças a Deus, em Ipojuca, cada casa, no mínimo, tem um carro. Em Ipojuca, 99% das casas não têm garagem", diz o prefeito Pedro Serafim.
Por outro lado, os novos projetos dão chance de transformação e autoestima a quem antes não tinha perspectiva de crescimento.
Marli Maria da Silva, ex-doméstica, estagiária no Porto de SuapeMarli Maria da Silva, ex-doméstica,
estagiária no Porto de Suape.
(Foto: Ligia Guimarães/G1)
Marli Maria da Silva, 36 anos, trabalhou desde os 10 como empregada doméstica e soube de uma vaga no Porto de Suape por meio da mãe, que tinha um trailer para vender comida aos funcionários da empresa. Marli tentou a vaga, mas não passou; a contratação só veio meses depois, como auxiliar de limpeza.
"Depois de quatro anos trabalhando lá, o diretor sugeriu que eu fizesse cursinho pré-vestibular". Desta vez a aprovação veio rápida e hoje ela segue no Porto em um estágio como auxiliar administrativo. Conseguiu juntar dinheiro para, junto com a mãe, construir duas casas no mesmo terreno.
O supervisor de logística Isaque José dos Santos, 34 anos, casado e pai de duas filhas, começou a trabalhar aos 15 como cortador de cana na zona da Mata pernambucana. Começou no estaleiro, e foi promovido ao cargo de chefia há oito meses.
"A oportunidade veio, o pessoal me apoiou, tenho um salário digno, nunca imaginei ter minha casa mesmo, fiz uma excelente casa, graças a Deus, ficou um casarão que eu não esperava fazer. Eu morava num barraco de tábua e na época da chuva a água batia nas madeiras e eu nem dormia achando que ia entrar água. Hoje eu fiz uma casa, vou fazer minha matrícula na faculdade de administração. Tudo isso está sendo um sonho", diz Isaque, que se emociona ao dizer que é a base de sua família e pode pagar um plano de saúde para a mãe.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
NE e Amazônia são prioridades
03/01/2011 | 18h17 | Gestão
O novo ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, declarou hoje (3) que o Nordeste e a Região Amazônica continuarão sendo prioridades em sua gestão, assim como os projetos de irrigação e de construção da Ferrovia Transnordestina. As afirmações foram feitas durante a cerimônia de transmissão de cargo do então ministro João Santana.
Segundo Bezerra, as regiões Norte e Nordeste continuam prioritárias porque ainda concentram o maior índice de pobreza. Entretanto, o ministro afirmou que as regiões pobres de estados mais ricos também serão foco de atenção do ministério. “Não podemos deixar de atuar nas áreas pobres e deprimidas das demais regiões. Precisamos explorar o potencial que os investimentos em infraestrutura podem possibilitar”, afirmou.
Para acelerar os projetos de irrigação, Bezerra criará a Secretaria Nacional de Irrigação. “Agricultura irrigada é prioridade, pois é a área que mais gera emprego por real investido”, justificou. Na área dos recursos hídricos, o ministro disse que continuará a implementação do Programa Interáguas, considerado sucessor do ProÁgua na integração de todas as pastas que atuam na gestão dos recursos hídricos.
“As obras de infraestrura hídrica e de irrigação contempladas no PAC 1 e 2 [Programa de Aceleração do Crescimento] alcançam R$ 14 bilhões. Vamos priorizar nesta área a nossa parceria com a Agência Nacional de Águas [ANA] e buscaremos apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento [BID] e do Banco Mundial”, disse Bezerra.
Segundo o ministro, a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) serão fortalecidas para cumprir um novo papel. “Serão órgãos articuladores de políticas públicas, portas de saída para programas de transferência de renda”. Bezerra prometeu ainda a criação de uma nova superintendência de desenvolvimento, desta vez no Centro-Oeste.
O novo ministro quer estimular a área de defesa civil para que tenha mais agilidade na resposta a informação de possíveis desastres e no atendimento às pessoas atingidas por intempéries. Outro projeto que será implementado, segundo Bezerra, é a Agenda Nacional de Inovação, que terá apoio de órgãos como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Da Agência Brasil
NE e Amazônia continuam como prioridades para a Integração Nacional
O novo ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, declarou hoje (3) que o Nordeste e a Região Amazônica continuarão sendo prioridades em sua gestão, assim como os projetos de irrigação e de construção da Ferrovia Transnordestina. As afirmações foram feitas durante a cerimônia de transmissão de cargo do então ministro João Santana.
Segundo Bezerra, as regiões Norte e Nordeste continuam prioritárias porque ainda concentram o maior índice de pobreza. Entretanto, o ministro afirmou que as regiões pobres de estados mais ricos também serão foco de atenção do ministério. “Não podemos deixar de atuar nas áreas pobres e deprimidas das demais regiões. Precisamos explorar o potencial que os investimentos em infraestrutura podem possibilitar”, afirmou.
Para acelerar os projetos de irrigação, Bezerra criará a Secretaria Nacional de Irrigação. “Agricultura irrigada é prioridade, pois é a área que mais gera emprego por real investido”, justificou. Na área dos recursos hídricos, o ministro disse que continuará a implementação do Programa Interáguas, considerado sucessor do ProÁgua na integração de todas as pastas que atuam na gestão dos recursos hídricos.
“As obras de infraestrura hídrica e de irrigação contempladas no PAC 1 e 2 [Programa de Aceleração do Crescimento] alcançam R$ 14 bilhões. Vamos priorizar nesta área a nossa parceria com a Agência Nacional de Águas [ANA] e buscaremos apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento [BID] e do Banco Mundial”, disse Bezerra.
Segundo o ministro, a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) serão fortalecidas para cumprir um novo papel. “Serão órgãos articuladores de políticas públicas, portas de saída para programas de transferência de renda”. Bezerra prometeu ainda a criação de uma nova superintendência de desenvolvimento, desta vez no Centro-Oeste.
O novo ministro quer estimular a área de defesa civil para que tenha mais agilidade na resposta a informação de possíveis desastres e no atendimento às pessoas atingidas por intempéries. Outro projeto que será implementado, segundo Bezerra, é a Agenda Nacional de Inovação, que terá apoio de órgãos como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Da Agência Brasil
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