terça-feira, 9 de agosto de 2011

Falta de mão de obra especializada no Brasil preocupa


RecifeTerça, 09 de Agosto de 2011
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Socorro: precisamos de mão de obra especializada

Se há dez anos alguém lhe dissesse que o Brasil importaria trabalhadores para suprir sua demanda de mão de obra, certamente você chamaria essa pessoa de louca. Pois bem, a imprensa divulgou fartamente que, em dezembro de 2009, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) repatriou dezenas de brasileiros que trabalhavam em estaleiros japoneses a fim de garantir a entrega do seu primeiro navio, o petroleiro João Cândido, um feito que encheu de orgulho nós pernambucanos.
Tem mais, na página principal do site do estaleiro há o seguinte texto:
O EAS está selecionando no Japão, a partir de dezembro, 200 decasséguis brasileiros para trabalhar no Brasil. Os aprovados trabalharão como soldadores no Estaleiro Atlântico Sul, localizado no Estado de Pernambuco. O principal critério de seleção é que os candidatos tenham experiência comprovada na área de construção naval e de plataformas petrolíferas.
Lembrem-se de que o João Cândido é o primeiro de uma série de 22 navios petroleiros encomendados ao EAS pela Transpetro. Além disso, há a possibilidade concreta de outros estaleiros operarem a partir de Suape. O resultado disso é que devemos assistir à chegada de muitos outros trabalhadores (brasileiros ou não) em terras pernambucanas.
Foto: Chico Barros
Nosso Estado, infelizmente, não possui condições de oferecer a mão de obra requerida por empresas como essas. O Estaleiro Atlântico Sul teve que formar grande parte de seus operários, oferecendo cursos básicos (como matemática e português), além dos módulos mais técnicos (como soldagem e montagem).
Com a retomada do crescimento da nossa economia após a crise econômica mundial, temos escutado muitas reclamações de empresários e executivos sobre a dificuldade de se contratar mão de obra qualificada. A situação se agrava com o fato de ainda não termos uma política sólida de formação de profissionais nos mais variados níveis.
Considerando que o treinamento de um profissional que trabalha numa linha de produção tem duração mais rápida do que o de um engenheiro, gerente comercial, gerente de recursos humanos, etc., fico imaginando o que ocorrerá quando começar a faltar profissionais com maior necessidade de formação.
E você, leitor, o que imagina que vai acontecer quando se iniciarem as operações da refinaria da Petrobras, Petroquímica Suape, Hemobrás, fábrica de vacinas da Novartis, nova fábrica da Ambev e tantos outros projetos grandiosos? Hoje já assistimos a uma escassez de profissionais ligados à engenharia e tecnologia da informação (TI).
Pois anotem o que vou dizer: a médio prazo teremos um verdadeiro apagão de mão de obra. Acredito que vamos importar engenheiros e técnicos de TI de países como Índia, Paquistão e das ex-repúblicas soviéticas. Ou ainda gerentes financeiros e de recursos humanos dos Estados Unidos ou de países europeus.
Não acredito que a culpa da falta de mão de obra qualificada seja do governo (atual ou o anterior) nem dos empresários. Creio que isso é o resultado da falta de um planejamento estratégico do Brasil e tem origens dezenas de anos atrás.
Não enxergo uma solução milagrosa para resolvermos a situação. Tenho convicção de que devemos discutir em conjunto o que estamos fazendo com a educação no nosso país e estabelecermos (população, empresários e governo) políticas rígidas de melhoria da educação.
Marcelo Galvão Guerra é diretor executivo da City Business School, empresa parceira do Ibmec em Pernambuco.
mguerra@citybs.com.br


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